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Suicídio: precisamos falar desse assunto

Postado em 12/Setembro/2019
Há nove anos, Yohanna Gerotti, 24, não suportou ver o pai flagrando as mensagens íntimas que trocava com o então namorado secreto. "Entrei em pânico, saí correndo e fiz essa 'besteirinha'", conta ela, com voz baixa, em uma mistura de riso e tristeza. A "besteirinha" foi se jogar do 15º andar do apartamento em que morava com a família, em São Paulo. Ela tinha 15 anos e teve a queda amortecida por uma árvore. Ao sobreviver, Yohanna enfrentou sequelas e vive, há quase dez anos, em uma cadeira de rodas. Uma lesão na coluna cervical a deixou sem movimentos do pescoço para baixo. Em 2017, porém, conseguiu, com fisioterapia e tratamento, retomar o movimento dos braços, o que permitiu que ela criasse uma conta nas redes sociais para contar sua história. "Faço tudo pelo Xbox. A única coisa que não consigo é jogar mesmo", diz a jovem.
A motivação para narrar sua trajetória foi a possibilidade de lidar com a angústia resultante de um ato impulsivo na adolescência. "Decidi que tinha que fazer alguma coisa para me curar e para ajudar outros adolescentes." Agora, ela se prepara para publicar um livro relatando o que viveu. "Quero ser o exemplo que não deve ser seguido." (leia aqui seu relato).
A OMS (Organização Mundial da Saúde) aponta o suicídio como a segunda principal causa de morte de pessoas entre 15 e 29 anos. No Brasil, entre 2000 e 2015, os casos aumentaram 65% entre pessoas de 10 a 14 anos e 45% na faixa de 15 a 19 anos. A informação, com base em dados do Ministério da Saúde, é da última edição do Mapa da Violência, publicado em 2017.
O CVV (Centro de Valorização da Vida) tem um canal para receber ligações gratuitas de telefone fixo e celular: 188. O canal de apoio emocional e prevenção ao suicídio é para pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, 24 horas todos os dias. É possível entrar em contato pelo site do CVV, e falar por chat, Skype e e-mail.
Vou relacionar os casos ou tentativas de suicídio registrados na Bíblia, extrair algumas conclusões e então fazer comentários gerais.
Abimeleque, ferido mortalmente por uma pedra de moinho lançada contra ele por uma mulher, pediu ao seu escudeiro que o matasse para evitar a vergonha (Juízes 9:54). Saul, depois de haver sido gravemente ferido em batalha, tirou a própria vida (I Samuel 31:4). Ellen White comenta: “Assim pereceu o primeiro rei de Israel, com o crime do suicídio em sua alma. Sua vida fora-lhe um fracasso, e sucumbira com desonra e em desespero, porque pusera sua vontade própria e perversa contra a vontade de Deus” (Patriarcas e Profetas, p. 682). Vendo o que o rei fizera, seu escudeiro “jogou-se também sobre sua espada e morreu com ele” (verso 5, NVI). Essas mortes foram motivadas pelo temor daquilo que o inimigo lhes poderia fazer.
Aitofel, um dos conselheiros de Absalão, enforcou-se depois de saber que o rei rejeitara seu conselho (II Samuel 17:23).
Zinri tornou-se rei depois de um golpe de Estado, mas ao perceber que o povo não o apoiava, foi “à cidadela do palácio real e incendiou o palácio em torno de si e morreu” (I Reis 16:18, NVI).
Judas ficou tão desorientado emocionalmente depois de haver traído Jesus, que acabou se enforcando (Mateus 27:5). Ellen White diz que Judas “sentiu que não podia viver para ver Jesus crucificado, e em desespero, foi enforcar-se” (O Desejado de Todas as Nações, p. 692). Jesus sabia o que Judas estava planejando; contudo, não “proferiu nenhuma palavra de condenação. Olhou piedosamente para Judas, dizendo: Para esta hora vim ao mundo” (Idem). Se Jesus, conhecendo o coração humano, pode continuar a trabalhar com pessoas sem condená-las, podemos ser diferentes?
Sansão tirou a própria vida e a de muitos proeminentes inimigos ao fazer com que um edifício todo ruísse (Juízes 16:29-30).
Depois do terremoto, o carcereiro de Filipos pensou que os prisioneiros haviam fugido e tentou se matar por temor, mas Paulo convenceu-o a não fazê-lo (Atos 16:26-28).
Ellen White menciona que Pilatos também cometeu suicídio. “A arriscar sua posição, preferiu entregar Jesus para ser crucificado. A despeito de suas precauções, porém, exatamente o que temia lhe sobreveio mais tarde. Tiraram-lhe as honras, apearam-no de seu alto posto e, aguilhoado pelo remorso e orgulho ferido, pôs termo à própria vida.” (O Desejado de Todas as Nações, p. 709, 710)
Então... como devemos reagir diante do suicídio de alguém a quem amamos?
Primeiro, a psicologia e a psiquiatria têm revelado que o suicídio geralmente é o resultado de um profundo transtorno emocional ou desequilíbrio bioquímico associado a um profundo estado de depressão e medo. Não deveríamos julgar as pessoas que optaram pelo suicídio sob tais circunstâncias.
Segundo, a perfeita justiça de Deus leva em consideração o impacto que nossa mente perturbada tenha eventualmente sobre nós; Ele nos compreende melhor que do que qualquer ser. Devemos colocar o futuro de nossos queridos em Suas mãos de amor.
Terceiro, com a ajuda de Deus, podemos encarar a culpa de uma maneira construtiva, tendo em mente que muitas vezes aqueles que cometeram suicídio necessitavam de ajuda profissional que nós mesmos fomos incapazes de proporcionar.
Finalmente, se você alguma vez for tentado a cometer suicídio, saiba que há profissionais disponíveis, medicamentos que podem ajudá-lo a superar a depressão, amigos que o amam e fariam todo o possível para ampará-lo, e um Deus que está disposto a trabalhar por você e, por meio de outros, dar-lhe forças quando caminhar pelo vale da sombra da morte. Nunca perca a esperança!
"Se tomarmos conselho com as nossas dúvidas e temores, ou procurarmos solver tudo que não podemos compreender claramente, antes de ter fé, as dificuldades tão-somente aumentarão e se complicarão. Mas se chegarmos a Deus convencidos de nosso desamparo e dependência, tais quais somos, e com humilde e confiante fé fizermos conhecidas nossas necessidades Àquele cujo conhecimento é infinito, e o qual tudo vê na criação, governando todas as coisas por Sua vontade e Palavra, Ele pode atender e atenderá ao nosso clamor, e fará a luz brilhar em nosso coração." (Caminho a Cristo, pp. 96-97)
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